A narrativa de Ernest Hemingway       

Certamente você já ouviu falar na Teoria do Iceberg. Pode até não saber o que é, mas já ouviu falar. Se não, com certeza pensou em Titanic ao ler Iceberg, não é? Pois é, apesar de nosso assunto aqui não ser um navio prestes a afundar, essa ilustração inicial pode te ajudar a entender sobre o que falaremos!

A teoria do ‘iceberg’ é um conceito criado pelo escritor norte-americano Ernest Hemingway e utilizado em diversos nichos do mercado e áreas de estudo para fundamentar diferentes conceitos e abordagens partidos do mesmo pressuposto: o ‘iceberg’. Como assim? Bom, quando nos deparamos com um ‘iceberg’, o que vemos na superfície da água pode não parecer muito e nos dar a impressão de que o ‘iceberg’ não é tão grande, mas a parte dele que não vemos, a que fica submersa, pode ser gigantesca e obstruir todo o caminho. Não é o que acontece no filme citado?

 Aparentemente o navio desviou do iceberg, mas a parte submersa do mesmo destruiu o casco e fez com que o Titanic afundasse em sua primeira viagem, em 1912.

Na psicologia, existe uma explicação específica para essa teoria que fala sobre aspectos como uma inimizade inexplicável com alguém.

“Voltando ao exemplo da pessoa cujo santo não bateu com o seu, isso acontece por um sem-número de informações (que podem incluir traços físicos, detalhes da personalidade ou até mesmo a voz, ou ritmo de fala) que seu inconsciente pode ter percebido (e outras situações desfavoráveis) e replicado a sensação de desconforto ao ter contato com essa pessoa. Mesmo com todo esse intenso processo ocorrendo, o que chega à consciência é simplesmente um sentimento inexplicável de ter algo errado com quem você conheceu.”

Na escrita, a ideia se mantém. Após terminar o conto Out of Season, em 1923, Hemingway explica que a parte omitida de suas memórias é o que fortalece a história, assim como o iceberg. Hemingway era conhecido por sua escrita minimalista, tirando grandes ideias e interpretações de pequenas frases ou trechos. Um bom exemplo é seu célebre conto de uma linha que diz “Vende-se: sapatos de bebê nunca usados”. O iceberg de seus contos são as complexidades e simbolismos por trás de frases que dispensam complemento, mas querem dizer muito mais do que realmente dizem.


“A teoria do ‘iceberg’ de Hemingway destaca as implicações simbólicas da literatura. Faz-se uso da ação física para fornecer uma interpretação da natureza da existência humana.”

Pode parecer algo extremamente difícil, mas não é nada que você já não tenha feito. É bem diferente focar em escrever metáforas, e até mais difícil, mas quantos de seus personagens ou até de frases que você disse em uma discussão, na verdade tinham um significado totalmente diferente em seu contexto e vivência? Chega a ser inacreditável que outras pessoas não consigam entender algumas frases, músicas ou citações que para nós são tão simples, mas isso é unicamente porque elas não tiveram a mesma experiência de vida que nós. Hemingway era um mestre nessa arte. A maior parte do que ele escrevia ficava subentendida ou dava margem para diferentes interpretações.

Exemplos:

  • “Estamos todos quebrados, é assim que a luz entra.”
  • “Escreva claramente sobre o que te machuca.”
  • “Somos mais fortes nos lugares onde fomos quebrados.”

Mas, afinal, o que conhecer essa teoria ajuda na sua escrita?

Em basicamente tudo. A teoria do iceberg não é algo que precisemos aplicar, mas sim algo que aplicamos sem saber. Tudo o que fazemos, escrevemos, amamos e odiamos carrega parte do iceberg que é nossa mente. Até mesmo o que não sabemos, o porquê de gostarmos ou não depende de nossas experiências. Assim também é com a escrita. Algumas pessoas podem chorar com uma melodia de infância ou uma frase enquanto outras não são tocadas pela mesma experiência. Assim também é com livros. O que é relativo para você, o que te move e o que te incentiva é o que torna sua escrita única e te ajuda a encontrar seu público.

O que você gosta de ler? O que te chama a atenção em seu escritor favorito? Essa certamente é a base para encontrar seu próprio estilo e sua tribo. Nós da Polo vamos adorar compartilhar isso com você! Que tal postar uma frase de seu autor favorito nas redes sociais hoje e pedir para que seus amigos façam o mesmo? No final da experiência, vocês vão se entender muito melhor!