A família era composta por três irmãos, nascidos e criados no Jardim Pedreira, periferia da zona sul paulistana, próximo da represa Guarapiranga. Lauro o mais velho, Laila e Lucia com diferença de ano e meio de idade, frequentavam o ensino médio, discutiam, planejavam sonhos para o futuro. Lauro achava que se sairia bem no esporte, ele treinava basketball, e já se destacava entre os colegas.
Laila se encantava com seu tio Carlos Alberto, rebelde, ativista, participava de movimentos sindicais e a levava aos pagodes nos finais de semana, já Lucia preferia curtir skate nas alamedas e arvoredos vizinhos a represa.
Os pais desses jovens desdobravam- se para garantir o cumprimento desses sonhos. Aquiles trabalhava com pequenas obras, verdadeiro equilibrista, dependia da aprovação dos orçamentos, tinha que se manter atento para não perder serviço, quando chovia não trabalhava, mas também não recebia. Renata, a mãe fazia pães, salgados, e vendia na redondeza, divulgando boca a boca.
Vida dura daquela gente, pretos, pobres, periféricos. São milhões nas comunidades, favelas, quebradas da Grande São Paulo, principal região metropolitana do país. Sobreviver ali exige muita fé, sonhos, resiliência, e aquela família esbanjava tudo isso e muito mais.
A menina Laila se destacou nessa construção de esperança, sua jornada diária era fantástica. Muito cedo ela já estava de prontidão para ajudar a mãe na produção dos quitutes, em seguida caminhava até o colégio na Vila Missionária onde concluía o ensino médio, mais tarde socorria a mãe e ainda reservava tempo para se preparar para o Enem.
Durante as caminhadas do seu dia atribulado ela notava as características dos pequenos negócios daquelas comunidades, e comparava as semelhanças, quando acompanhava o tio Carlos a outras regiões da zona leste, zona norte.
A determinada Laila, foi aprovada no Enem, iniciou o curso de sociologia, queria saber mais sobre as pessoas, a vida. Começou o aprendizado. A jovem identificou forte presença de bares e salões de beleza nas comunidades. Os salões reuniam razões econômicas, culturais e sociais. Aqueles empreendedores, que literalmente faziam a cabeça, se especializavam em CRESPOS.
BINGO!!! Laila convocou amigos, convidou parceiros e criou a COOPERCRESPOS, centenas se associaram na rede inédita de organização de pequenos negócios e inclusão econômica. A Cooper espalhou suas ações para regiões vizinhas, gerando empregos, renda, cidadania.
É preciso ter fé, nossa juventude pode sim transformar sonhos em mudanças em desenvolvimento.