Para muitos, as eleições dos Estados Unidos não afetam em nada a nossa política. Para outros tantos, nossos olhos e ouvidos ficaram atentos aos resultados da eleição da maior potência mundial. Não estou aqui para fazer uma análise econômica nem política dos últimos acontecimentos. Para mim, acompanhar os resultados foi importante por vários motivos.

Primeiro, que sim, a escolha do presidente dos Estados Unidos afeta nossa economia. Exportamos inúmeros insumos para o país e isso impacta diretamente a nossa economia.

Segundo, o distanciamento de raças que Trump pregava vai totalmente contra tudo o que eu acredito ser viável e digno da raça humana.

Terceiro, último, porém não menos importante, pelo contrário, os cidadãos dos Estados Unidos elegeram Joe Biden como presidente dos Estados Unidos.

Com ele, por primeira vez,  uma mulher e negra foi eleita vice-presidente. Um país de base racista, que sofre continuamente pela igualdade de raças. Em seu primeiro discurso, que, aliás veio antes do presidente eleito, a Senhora Vice-Presidente eleita Kamala Harris, homenageou o movimento sufragista, que lutou pelo voto feminino. Em seu terno branco, o que se acredita ser um aceno ao movimento, Kamala Harris enalteceu as conquistas femininas até agora e homenageou as mulheres negras, latinas, brancas, asiáticas e indígenas. Essa é uma conquista de todas as mulheres. Esse é o exemplo que precisávamos para nos mantermos firmes na tarefa de ocuparmos qualquer cargo que quisermos e merecermos. Vale lembrar que Kamala Harris é filha de uma mulher indiana, que chegou aos Estados Unidos quando tinha apenas 19 anos. Venceu todos os desafios, criou seus filhos e deixou um legado espetacular. Saber que senhora Harris é uma de nós é um grande orgulho.

Entrar para o mundo da política de forma ativa, participativa e partidária não é uma tarefa fácil para nenhuma mulher. A mulher brasileira só ganhou o poder de voto em 24 de outubro de 1927, no movimento sufragista brasileiro que ganhou sua primeira vitória: o alistamento eleitoral feminino no Rio Grande do Norte. Em 1932, o Presidente Getúlio Vargas decretou o voto secreto e feminino nacional. Hoje, após 88 anos, nós, mulheres ainda estamos engatinhando em busca do nosso lugar na política brasileira. Em Minas Gerais as mulheres ocupam apenas 10,8% dos cargos públicos disponíveis. A cota feminina nada mais é do que um grande jogo para que os partidos sejam obrigados a “disponibilizarem” 30% de seus candidatos às mulheres. Isso não acrescenta absolutamente nada à realidade brasileira. Isso quer dizer que 30% dos candidatos apresentados pelo partido devem ser mulheres. E só isso. As cadeiras continuam sendo ocupadas basicamente por homens. Homens que já estão no poder, homens com mais acesso aos fundos de campanha, sendo partidários ou privados. Isso quer dizer que para uma mulher ser eleita ela tem duas opções: entrar na disputa como um homem e seus “modus operandi” ou lutar “like a Girl”, lutar como uma MULHER!!! Com garra, verdade, referência familiar, competência e honestidade. Eu luto “like a girl”! Sou orgulhosa disso e tenho certeza de que algum dia farei a diferença para outras mulheres.