Como me tornei editor da Estância Projetos Editoriais – José ElIas da Silva Neto
Disponível na livraria Polo Books
https://www.livrariapolobooks.com.br/eu-nao-sei-usar-virgula-e-outras-frases-que-passaram-do-ponto
A Estância Projetos Editoriais surgiu “anteontem”: foi na metade de 2018, quando o autor e amigo Chico Lopes me procurou pra colaborar como diagramador e artista gráfico no projeto do livro sobre o pintor Bruno Filizberti, aqui de Poços de Caldas-MG, onde residimos. A parceria funcionou; vislumbramos a possibilidade, escolhemos um nome, “bora vê no que vai dá”, e assim foi.
Apareceu aí, mas na minha cabeça começou bem antes. Apesar da formação em Publicidade e Marketing, de uma infinidade de trabalhos feitos para essa área ao longo de três décadas e da boa imagem que tenho por parte das pessoas com quem trabalhei, bastaram uns poucos anos para eu ver que minha identidade com vendas e campanhas promocionais não é das maiores… Tenho um perfil mais artista, mais cultural, mais institucional, do que marqueteiro e comercial.
Fazia muito tempo que eu buscava outra praia. Já nos anos 1990, em papos de intervalo do café, eu e um colega de profissão e grande amigo, Marcos Kobayò, dizíamos que, no dia em que propaganda deixasse de ser nosso carro-chefe da sobrevivência, subiríamos até a cobertura de um arranha-céu para jogar os nossos computadores lá de cima – e os modelos de monitores daquele tempo sugeriam um estrago bem maior.
Trabalhei também em gráficas, ou para elas, ou intermediando clientes com elas, e senti muito mais identidade com caixas, livros e embalagens do que com anúncios. A ideia de migrar de vez para o meio editorial, na produção de livros, revistas e conteúdos bacanas, aconteceu de uns poucos anos pra cá, mas também de muitos projetos anteriores em que fui diagramador, criador de capas, ilustrador, editor de texto, revisor, tradutor… Nem sempre tudo isso e nem necessariamente nessa ordem.
Outra paixão minha, também ligada ao meio editorial, são as línguas estrangeiras. Neste momento, novembro de 2021, posso dizer que não passo aperto no Inglês, no Alemão e no Italiano. Do meu curtíssimo currículo na atividade de traduções, posso destacar duas Alemão>Português: alguns artigos para o website da FIFA durante a Copa do Mundo de 2014 e a de um filme infantil para a empresa de dublagem Vox Mundi, de São Paulo.
Tenho um livro publicado, “Eu não, sei usar vírgula (e outras frases que passaram do ponto)”, que está aqui na Polo. Nunca me vi como um escritor efetivo, apenas quando tenho inspiração para tal. Começou com um blog, que criei para contar aos amigos minhas experiências enquanto vivi na Alemanha (http://nocoracaodaalemanha.blogspot.com/2007/02/blog-post.html). O Facebook, rede social que dá espaço ao texto sem limites, reforçou. Para o Instagram, transformei as frases em imagens. E aí passei a fazer assim também no Facebook e Linkedin. Escrevo sobre o que observo do mundo. O que me inspira é tudo passível de ser desconstruído, poetizado, ambiguado e, principalmente, satirizado.
O trabalho da Estância é prestar assessoria em qualquer parte do processo de produção editorial ou literária: revisão, tradução, ilustração, diagramação e arte, intermediação com gráficas e plataformas digitais. Os produtos finais são livros, revistas e catálogos. Os principais clientes são autores independentes ou casuais, e empresas de qualquer natureza, mas especialmente as ligadas à distribuição de conteúdo.
São apenas três anos e uma meia centena de títulos, porém a satisfação com a mudança de ramo, deixando a propaganda para priorizar a produção editorial, já é muito grande. O carinho e elogios vindos dos autores é impagável.
Três dicas para quem quer ser escritor:
A primeira é disciplina. Muita gente diz que tem vontade de escrever, mas não cria uma agenda pra isso.
A segunda é estabelecer um momento de concluir. Livros podem ser muito subjetivos e, por isso, eternamente passíveis de se alterar. Comprometer-se com pessoas conhecidas dizendo uma data de lançamento é uma boa forma de se fazer isso.
A terceira, para autor independente: preparar-se para ser mais do que um escritor. Vai ser o juiz que apita o pênalti, o jogador que bate e o goleiro que defende, tudo ao mesmo tempo. Entre as tarefas, ter disposição para divulgar suas obras.