Como me tornei uma editora Nane da Voaletra
Eu não sei bem como me tornei uma editora.
Acho que foi um processo, algo que foi acontecendo, assim como tudo na vida: a gente aprende a fazer, fazendo.
Olhando bem para a minha história, vejo que leio e escrevo desde que me conheço por gente. É sério!
Aprendi a ler juntando sílabas – bem devagarzinho – ao acompanhar as aventuras da turma da Mônica. Por isso, minha eterna gratidão ao Maurício de Souza!
De lá, para cair nas graças da Série Vaga-lume, foi um pulo. Tardes e tardes viajando com as Aventuras de Xisto ou desvendando os mistérios do Escaravelho do Diabo.
No banheiro, rótulos de xampu e condicionador viraram minha mania – lia todos! Que bom que não havia celular…
O tempo foi passando e, no primeiro ano do ginásio – como se dizia na época -, escrevi meu primeiro livro. O nome? Drogas: tô fora! Um trabalho de escola pedido pela professora de português, Dona Sônia – a quem serei eternamente grata.
Para me incentivar na empreitada, ganhei uma máquina de escrever – uma Olivetti Bambina, vermelha e linda! Meu passaporte para a futura vida de escritora e editora que estava porvir.
Dali para frente, escrevia de tudo: cartas para os amigos, cartões de natal, receitas… mas, foi na adolescência – e num concurso de redação promovido pela escola – que ganhei o segundo lugar. Meu pseudônimo: Mariposa apaixonada de Guadalupe – uma homenagem à banda Blitz.
Pronto. Minha combinação perfeita: leitura, escrita e… música!
Àquela altura, meu encantamento pelo universo das palavras ficou tão evidente que acabei optando pela faculdade de propaganda e marketing. É que me imaginava escrevendo para grandes campanhas publicitárias, revistas etc. Os caminhos foram um pouco diferentes, e, de repente, me vi trabalhando em multinacionais e escrevendo (muitos) textos, artigos e manuais para as áreas de marketing, área médica, de vendas e treinamento.
A carreira caminhava bem, mas sentia falta de um processo mais autoral, de poder escrever sobre coisas diferentes – coisas minhas. Também sentia falta de um pouco mais de liberdade, confesso. Os horários fixos e o escritório faziam com que me sentisse presa. Quase sufocada…
Foi quando pensei: Puxa, acho que está na hora de fazer algo meu, algo com a minha cara, minha essência.
E foi assim que nasceu meu primeiro livro: Enquanto eu escrevia. Porque talvez você tenha vivido coisas assim…
Uau! A sensação de escrever, publicar, de ver um pedacinho meu andando por aí, emocionando outras pessoas… Um sonho.
Sonho, não. Uma deliciosa realidade.
Com a publicação do livro conheci pessoas que também queriam realizar esse sonho. E, por esse motivo, criei a Voaletra – Palavras que voam longe.
Hoje, auxilio outros autores na publicação de suas obras. Como editora, me coloco como uma parceira do autor – para que possamos andar de mãos dadas. Acompanho o nascimento da ideia, o desenvolvimento das fases, o crescimento da história, até que, de repente, o livro ganha vida.
É lindo ver uma ideia sair da cabeça, tomar forma e alcançar outras pessoas, outros corações.
Particularmente, penso que o principal papel do editor é se colocar no lugar do autor e entender como ele deseja contar aquela história. É um trabalho de imenso respeito e parceria, afinal, não podemos propor mudanças com base no que faríamos se o livro tivesse sido escrito por nós.
A alma do autor tem de estar ali. Nosso papel como editores é apenas ajudá-lo a organizar os pensamentos, a escrever de forma fluida, clara e envolvente.
Sobre o futuro dos editores tenho um olhar bem otimista. Embora nos deparemos frequentemente com o fechamento de livrarias, acredito muito no poder da leitura.
Na Voaletra, acompanho diariamente a necessidade de pessoas comuns (como você e eu) de publicar um livro. Isso diz muito sobre a importância da escrita como processo de cura, de autorrealização mesmo, sabe?
Foi-se o tempo que publicar um livro era algo de outro mundo, para pessoas famosas ou escritores veteranos. Os sentimentos e histórias são intrínsecos ao ser humano. Todos têm algo a dizer e, se têm a dizer, algo a publicar.
Ora, e se querem publicar, nós, os editores, estaremos aqui para apoiar.
Abraços literários,
Nane Voaletra
www.voaletra.com