Quem nunca disse ou ouviu: “… esse livro mudou a minha vida”?

Para quem é jovem, e também para os mais velhos, há sempre páginas a virar e uma vida para recomeçar, mudar de alguma maneira ou aperfeiçoar. E esses livros não são necessariamente grandes best-sellers. Alguns sim, são bem conhecidos e trazem lições universais que podem mudar vidas de milhares e até milhões de pessoas, como “Hamlet”, de William Shakespeare, que deixa a mensagem clara da inutilidade e do poder de destruição da vingança.

Quem não se torna uma pessoa com mais empatia e sensibilidade à miséria humana e à falta de oportunidades de milhares de crianças, depois de ler “Capitães de Areia”, de Jorge Amado? Os pequenos capitães de areia podem ser qualquer grupo de meninos ou meninas de qualquer lugar do país. Ou ainda, quantas pessoas procuraram mais sabedoria e autoconhecimento depois de ler “Sidarta”, de Hermann Hesse? E quantos foram atrás dos seus sonhos, depois de ler “O Alquimista”, de Paulo Coelho?

É verdade que muitas pessoas leram esses livros e muitos outros que podem mudar vidas, e nada aconteceu. A questão do livro e da sua influência em nossa vida depende não só da mensagem que o livro se propõe a transmitir, mas também da possibilidade ou até do desejo da pessoa de se deixar influenciar por um livro determinado. Às vezes lemos uma obra prima em um determinado momento, e não percebemos seu valor para nós, mas esse mesmo livro em outro momento pode fazer uma mudança definitiva em nossa vida.

Por exemplo, vivemos em um país onde o racismo ainda é muito forte. E para muitos de nós nem se trata de maldade ou de falta de amor ao próximo. São fortes condicionamentos de séculos de racismo, que não são fáceis de eliminar totalmente. Para aqueles que sim, já procuram agir conforme padrões elevados e esperados de humanidade, mas ainda lutam contra sentimentos ambíguos sobre a questão racial, pode ser um ponto de virada ler o livro “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, de Maya Angelou, ativista, mãe, roteirista e diretora em Hollywood, atriz, cantora e dançarina. É uma obra prima que trata temas sensíveis como relações familiares, amadurecimento, maternidade, e racismo. Uma frase transformadora, entre tantas outras que Maya escreveu: “Quando escrevo eu, o significado é nós”. Certamente a vida de muitas pessoas mudou e continua mudando por causa das mensagens deste livro.

E quando a desesperança e o sofrimento parecem ser a única coisa que resta ante problemas aparentemente insolúveis? Mudaria nossa vida, e nossa percepção do que pode acontecer em nossa vida ler “Como os cedros do Líbano”, de Suzana Nader Bedran, publicada pela PoloBooks. É uma história comovente e real, que pode francamente abalar os pilares do ceticismo de muitas pessoas. O nome vem dos majestosos cedros do Líbano, imensas árvores conhecidas por estar sempre verdes, não importa a estação. Suportam grandes altitudes e crescem até a altura de 35 metros, sua madeira nobre foi utilizada desde os tempos bíblicos para as obras mais refinadas, e também as que exigiam mais força e flexibilidade. Estas árvores fincam as suas raízes muito profundamente, de forma que encontra água nas camadas mais profundas do solo. Susana nos conta uma história impressionante, com o testemunho do Dr. Rogério Dantas, médico que atendeu ao patriarca da família Bedran, em 2006. Jorge Bedran, de 68 anos de idade, estava internado em um hospital do Rio de Janeiro quando o Dr. Dantas foi chamado. A despeito da situação crítica do paciente, que ainda piorou muito, a esposa, Suzana, de forma inabalável dizia: “Doutor, faça a sua parte e nós faremos a nossa”. O patriarca esteve dois anos nessa luta contra a doença, mas sempre acompanhado pela esposa e a família. E as orações dessa família mudaram o desfecho que seria “natural” dada a gravidade do caso. Quem lê o livro percebe a luta travada com fé e perseverança, que finalmente se materializou na cura milagrosa do paciente. A capacidade de sentir e transmitir confiança, alegria, fé, entusiasmo pela vida, mesmo em situações limites, é a maneira como este livro pode mudar a nossa vida.

Mas nem só de filosofia e de espiritualidade vive o homem. Há livros essencialmente práticos que podem mudar nossa vida. Imaginemos por um momento uma pessoa que tem pouca vida social, que nunca cozinhou na vida, e recebe de presente um maravilhoso livro de culinária para iniciantes, cheio de receitas, imagens e ensinamentos sobre a arte de cozinhar. Deixa-se levar pelos sabores, cores e aromas que as receitas prometem, e simplesmente vai para a cozinha. Se apaixona pela arte culinária e sua vida muda, porque aprendeu a cozinhar. Isso lhe dá um senso de autonomia, de capacidade de começar e terminar uma coisa, de fazer algo que merece elogios, passa a gostar de receber amigos e familiares para convidá-los com suas deliciosas comidas,  recebe e dá mais amor e reconhecimento do que jamais imaginou ou esperou antes.

Você já leu um livro que mudou a sua vida? O bom é que muitos livros podem mudar a nossa vida para melhor, basta que os encontremos e nos deixemos tocar por suas mensagens transformadoras.

Graciela Botella
Equipe de redação da PoloBlog

https://imprensanewssul.com.br/licoes-do-cedro-do-libano/
https://www.poetryfoundation.org/poets/maya-angelou