O LIVRO DOS INÍCIOS, um pouco de sua história e modos de fazer.

 

A Editora PoloPrinter traz a lume a obra “O livro dos inícios”, dos autores Luciano Mendes, Maria Carmen C. B. Rena e Leni Maria da Matta. Trata-se de um livro que reúne trinta inícios de livros, sendo que para cada um deste inícios foram, também, criados capa e dados bibliográficos, transparecendo, portanto, que se trataria, na verdade, de uma coleção que reuniria trinta livros.

Exercício de criatividade e, ao mesmo tempo, evocação da cumplicidade criadora de cada pessoa que se aventura em sua leitura, “O livro dos inícios” não é tão somente a reunião de textos inacabados de obras literárias (ou de obras literárias inacabadas, se assim preferir), mas, sobretudo, uma obra de arte que articula a ação autoral tanto de quem fabricou o livro quanto de quem dele se aproxima como produto artístico-cultural.

A história deste livro composto por inícios de livros, teve início(!) há muito tempo. Ela começou a ser acalentada nas práticas de leitura das autoras e do autor, nas quais, de forma consciente ou não, eram instados a dar continuidade, expandir ou recortar as muitas histórias que liam. Estavam, assim, realizando uma função de autoria dos textos lidos, prática imprescindível à realização de todo e qualquer texto dado a ler. 

Pense, você, leitor ou leitora, na forma como funciona toda a nossa prática de leitura. Continuamente, a cada obra em que adentramos, somos convidados/as ou instigados/as a dar vazão aos nossos sentimentos e entendimento do que estamos lendo e, para isso, precisamos atuar, em certo sentido, na autoria dos textos. Ou seja, na verdade, todo e qualquer texto só se realiza na e pela atividade, pela agência, pela ação da pessoa que o lê. Foi com base nesta ideia que foram escritos os textos que compõem “O livro dos inícios”. 

Mas, das práticas leitoras e de sua consciência à edição do livro, há um longo processo. A escrita dos textos foi realizada ao longo do ano de 2021, ou seja, em plena pandemia de Covid-19 e de suas devastadoras consequências, assim como do recolhimento compulsório que tivemos que seguir. Neste sentido, a produção da obra “O livro dos inícios” foi, também, um certo exercício de criação, uma certa gênese, a gente poderia dizer, em que se tornava possível propor, por meio da literatura, no nascimento, na fecundidade… mas, também, na possibilidade de continuidade (de cada um e dos múltiplos textos) em um tempo marcado pelo isolamento e pela morte. 

O exercício autoral de fabricação do livro está presente não apenas na produção dos textos, mas também na invenção dos dados catalográficos, na criação das capas e na diagramação. O exercício criativo de nomear as autorias e as editoras para cada um dos livros iniciados buscou dialogar com cada texto proposto. Do mesmo modo, produzir um conjunto de capas que criasse a sensação de que “O livro dos inícios” é, na verdade, uma coleção de livros, ou seja, uma espécie de protobiblioteca demandou tempo e esforço. Traduzir isso tudo em forma de livro foi um investimento que, por sua vez, não pode ser esquecido.

Pode-se dizer que, de certa forma, o conjunto de pessoas que trabalharam na produção do livro funcionou como uma espécie de comunidade de aprendizagem, para lembrar a disruptiva ideia de Bell Hooks.  Ao longo do processo, todas as pessoas trabalharam colaborativamente, aprendendo e ensinando sobre ofícios diversos. O resultado, a nosso ver, é uma obra agradável de manusear (em sua forma impressa), de ver e de ler. Sobretudo, como já se disse acima, é um convite ao compartilhamento de autorias, ou seja, um convite para participar e expandir a nossa comunidade de aprendizagem!

 

Luciano Mendes

Maria Carmen C. B. Rena

Leni Maria da Matta