Dia 8 de marco é o dia escolhido a dedo para simbolizar a nossa luta! Que esse dia e os demais 364 sejam realmente muito felizes!

Você sabe o que é mulher? Sabe a quem é dedicada essa data? Somos muitas: no dicionário, genericamente, na questão de gênero, somos todas que são do sexo feminino; já no significado mais específico, somos mulheres a partir do início da puberdade. Mesmo no período biológico adulto, que vai da adolescência a fase idosa, no sentido carinhoso, podemos chamar também qualquer mulher conhecida como “menina”, com um significado afetivo para mulheres que não são mais crianças. Resumindo, hoje é o dia de todas nós: meninas (no sentido propriamente dito ou no sentido carinhoso), moça, senhorita, senhora, mulher!

Qual cor nos representa? Bem antigamente, o branco era a cor dos bebês depois, para alavancar as vendas, separaram roupas de meninos e de meninas sendo que antes rosa era “cor de menino” e azul “cor das meninas”. Bem mais para frente, a indústria quis inovar e inverteram: rosa passou a ser considerada cor de menina e azul de menino e essa moda “pegou”. Tudo pode mudar e a cor que melhor nos melhor representa é a nossa cor favorita, e cada uma tem uma.

Quando crescemos, caso o corpo permita e queiramos, somos capazes de produzir o melhor alimento do mundo e gerar vidas!

Somos fortes guerreiras desde a maternidade… sabiam que nascem mais homens que mulheres mas já começamos a lutar pela vida e mostrar nossa resistência ainda bebês? Sobrevivemos mais desde que nascemos, acidentamo-nos menos, expomo-nos menos ao perigo, cuidamo-nos mais. Definitivamente somos o sexo forte.

Com tanta fortaleza e cuidados, assim como na natureza, onde um animal só ataca quando se sente ameaçado, nosso brilho imenso pode irritar muitos olhos e assim passam a nos agredir. Para que possam se sentir mais fortes, os agressores tentam rebaixar a mulher, a representação da vida e da luta, assim criaram uma cultura de machismo que perpetua e agride toda a sociedade.

Com o machismo, tudo que é de exclusividade feminina, passou a ser menos tolerado. Coisas exclusivamente femininas são ensinadas serem feias, sujas ou de frescura e não podem ser vistas ou ouvidas. Ex: podemos gritar em uma partida de futebol mas inúmeras mulheres são silenciadas durante o parto ao tentarem dar o grito da vida.

Ainda tem o preconceito também no trabalho: mulheres “ganham” menos. Se a mulher tem deficiência, “ganha” menos ainda, “ganhando” até mesmo menos da metade das mulheres que desempenham a mesma função.

O machismo faz a sociedade achar normal a mulher trabalhar fora e dentro de casa além de ser responsabilizada sozinha pela criação dos filhos. Sendo que temos inúmeros poderes mas ainda não conseguimos nos “auto-engravidar”. Dizem “mulher aguenta” outros usam nosso poder e distorcem seu significado para fazer com que a mulher trabalhe para eles “vocês mulheres guerreiras são tão fortes que não caem por causa de um resfriado, mesmo doentes se levantam e são capazes de cuidar da casa e dos filhos”.

Amadurecemos de acordo com a realidade em que vivemos então, sendo as mulheres cobradas desde pequenas (“ah! mocinha não age assim”, “ah! mocinha tem que se comportar”, “apenas menina tem que brincar de lavar louça, lavar roupa, varrer e cuidar da boneca bebê”, etc.), passamos a suportar tudo que nos foi cobrado. Ainda, para potencializar a cobrança sobre as mulheres, tem quem faça uma “homenagem” que pelas entrelinhas nos diz para sermos mais submissas.

Essa questão, de amadurecermos conforme a necessidade, é provado também quando vemos uma criança mais velha cuidando de vários irmãos enquanto os pais trabalham ou um jovem de 14 anos que estuda e trabalha como menor aprendiz, é arrimo de família e não se queixa: não é porque essa criança e esse jovem citados aguentam, que todos vão aguentar, vai bem da questão da necessidade real, pois nós nos adaptamos a muita coisa como forma de sobrevivência. Então, homens, não joguem toda essa sobrecarga em suas mães, filhas, esposas, etc, dividam tudo, a mulher que faz tudo isso está apenas sobrevivendo e você, homem forte, sobreviverá também.

Homem forte é aquele que acolhe, protege e não sobrecarrega a mulher, é aquele que tem consciência de sua força e não precisa rebaixar a mulher para se sentir menos ameaçado, homem forte é aquele que entra nas causas com as mulheres.

Os agressores criam inúmeras formas de agredir uma mulher, existem inúmeros tipos de agressões, além da física: a que silencia, a que humilha, a que se apossa dos bens das mulheres, a que impede que a mulher tenha uma renda, a que ameaça, a que dá medo, a que assusta, a que desestabiliza, a que mexe com seu emocional, e todos devem estar atentos aos detalhes mais sutis do início de uma agressão.

Muitas agressões começam de forma muito discreta, mas um olhar atento as identifica antes que essa agressão cresça. Às vezes é uma ofensa disfarçada em uma frase, às vezes é uma calúnia, um apontamento de algo inexistente, etc.

Hoje em dia as agressões são feitas até digitalmente em uma rede social e muitos não a percebem, dizendo para o agressor e a vítima discutirem no privado, essa é a última coisa que deve ser feita!!! As agressões devem ser expostas e todos devem se unir para combatê-las!

Os agressores virtuais também estão cometendo crimes e são agressões que não podem, de forma alguma, serem abafadas/ ignoradas. Muitas mulheres, com o emocional abalado, acabam se escondendo e acabando com suas redes sociais, mas devemos lembrar sempre que vítima é apenas vítima (se essa não passa a agredir também, é claro) e a cultura de culpabilização de quem foi atacada deve acabar.

A palavra “vitimismo” não deveria existir. O simples fato de dizer que alguém está se vitimizando é muito agressivo. Precisamos mais acolher, ouvir e entender a dor do outro. Desabafar, contar fatos e sentimentos não é se vitimizar: o vitimismo é o julgamento do próprio ouvinte, que deve ter muita dificuldade para o acolhimento. Devemos parar com a cultura de ridicularizar a vítima.

Todo agressor já foi vítima em algum momento de sua primeira e segunda infância, fase que vai até os 6 anos de vida, onde 90% de nossas conexões neurais são formadas, sendo fase crucial do desenvolvimento humano, mas isso não significa que só porque foi vítima, a pessoa será agressora também. Ter sofrido não justifica causar sofrimento aos outros, qualquer violência é injustificável. A vítima pode sofrer, chorar, desabafar, pedir ajuda, denunciar, gritar, mas jamais deve virar agressora também, logo, as inúmeras desculpas dos agressores são inaceitáveis.

Percebam os primeiros sinais de uma agressão e denunciem. Todos devem estar unidos na causa.

A psicanálise mostra que nós, seres humanos temos a necessidade de achar justificativa para tudo. Então, com resquício da infância, onde nos contos de fadas todos os bonzinhos se dão bem e os malvados sofrem punições, onde Papai Noel presenteia somente quem é bonzinho, os agressores e os terceiros que veem de fora, ao verem as vítimas sofrerem, fazem a si próprios acreditarem que a vítima mereceu, que, na verdade, o agressor foi um instrumento de justiça e nada teria acontecido com a vítima se ela não merecesse, gerando cada vez mais intolerância e “crucificação” da vítima e as cabeças dessas pessoas realmente as fazem acreditar nessas ideias absurdas. Afinal, conforme as lendas infantis, só os malvados sofrem e os bonzinhos são felizes e saudáveis para sempre, além disso, todos se veem como pessoas boas. Uma forma também de se esquivarem da responsabilidade pelos seus atos.

Muitos jovens saem de casa para realizar seus sonhos de serem jogadores de futebol, dançarinos, modelos, etc., geralmente aos 14 anos, alguns até antes (o caso brasileiro mais recente que já vi foi aos 11 anos), e certo dia ouvi alguém dizer que assim, longe dos pais, esses jovens aprendem o machismo, mas seus comportamentos machistas já foram estabelecidos de acordo com suas experiências vividas durante seus 6 primeiros anos de vida, a neurociência tem conhecimento da importância dessa fase. O que acontece é que, a partir da terceira e última infância, que começa aos 6 e termina com o início da puberdade, a pessoa já começa a demostrar com mais intensidade o que assimilou nas duas primeiras infâncias.

A responsabilidade penal pode começar só aos 12 anos, mas a moral começa antes, desde que ensinada.

Vamos cuidar da primeira e segunda infância com muito zelo, amor, carinho, limites, estrutura emocional, etc, sem nos esquecermos de ensinar o senso de responsabilidade e o respeito. Como muitos psicólogos dizem, o ser humano é incapaz de dar aquilo que não recebeu.

Vamos também tratar “as feridas abertas” das crianças mais velhas e dos adultos para que eles se fortaleçam, não se retraiam diante de uma agressão e quem sabe até consigam fazer denúncias, além de serem pessoas mais felizes. A felicidade é uma energia positiva também, o que contribuí para a cura do mundo.

Vamos ensinar meninas e meninos, ainda em idade pré-escolar, a serem felizes, solidários, respeitosos e amorosos com todos, sem nenhum tipo de discriminação. Cuidado com as entrelinhas e inconsciente, pois as crianças absorvem o que há de mais sutil e levam o aprendizado, bom ou ruim, para a vida toda.

Vamos doar mais amor fraternal, vamos acolher mais ainda as que mais estão precisando e lembremos sempre nos lembrar que agredir uma mulher é agredir uma sociedade inteira.