Assim como há várias vários tipos de pessoas, há também vários tipos de idosos. É verdade! Ainda que a maioria das pessoas não acredite, ou pareçam ignorar o fato, antes de chegar a essa idade, foram pessoas “comuns” e até tomaram decisões por si mesmos! Quando queriam ganhar um pouco mais de dinheiro somente precisavam trabalhar mais, ou mudar de trabalho. Uma vez chegados à alta idade, não podem pretender o mesmo, visto que não podem trabalhar mais, ou se estão retirados, não podem mudar o valor da sua aposentadoria. E os políticos, sejam eles jovens ou velhos — e que sim fazem o que querem para ganhar mais dinheiro — decidem que os idosos vão ganhar menos. Afinal de contas pensam que são velhos, e se contentam com pouco, pois não tem outro remédio.

Como dizia no começo, há vários tipos de idosos. Claro, para os que decidem como mantê-los na miséria, é um mau negócio, e muito pior é ter que mantê-los doentes. Mas se não adoecem, não morrem. Há de se aguentá-los doentes, para que morram o antes possível, e assim pensam os tomadores de decisões para as questões do povo.

Aqui já temos a primeira diferença, estão os “velhos” dos quais falava antes, os que recebem aposentadoria, mas também há idosos que não puderam, não quiseram ou não precisaram aposentar-se. Alguns (a minoria) não produzem gastos ao sistema de aposentadoria nem ao sistema de saúde, pois contam com seus planos e aposentadoria privados. A grande maioria, porém, precisa sim do sistema público de saúde, ajuda com a sua alimentação e medicação, e claro, para tê-los precisam com a vontade (geralmente má) da sociedade que os rodeia. Sociedade esta que é muito mais egoísta do que eles próprios, os idosos, foram em sua juventude.

Como consequência, temos a segunda diferença. Há idosos que passaram a vida inteira juntando dinheiro de forma egoísta, sem importar-se com sua família, e têm solvência para pagar todas as suas necessidades. Estes, pouco recebem do estado e muito menos dos familiares.

Há outro grupo, os que deram tudo aos seus filhos e familiares, ou simplesmente perderam tudo, pensando (principalmente quando eram jovens) que eram imortais, ou que nunca ficariam idosos, ou que no ano seguinte ganhariam muito para ajudar a outros e guardar para a velhice. Talvez tenham pretendido que, como consequência de ter dado tudo, receberiam algo dos filhos, netos ou outros parentes aos quais ajudaram, como merecimento.

Mas o destino não conhece a “gratidão” e muito menos o “merecimento”. E ao substitui-los pela palavra “consequência”, joga os velhos na miséria, no desespero, no silêncio e no esquecimento. Porque os que estão acostumados a receber, não desenvolveram a capacidade de dar. Ao contrário, acreditam piamente que tem direito a tirar até a última gota do idoso, sem sequer lembrar (e se lembram, não lhes interessa), que muitas das coisas que têm, é graças à ajuda que receberam do antigo aspirante a velho. E depois, quando já nada têm para dar, são condenados pelo implacável destino, ao isolamento, convertidos, como diz Joan Manuel Serrat,  em “fantasmas com memória”.

Por outro lado, nenhuma moeda tem um só lado. Isso significa que estes idosos que diferenciei por suas fontes de renda, também se diferenciam em outros aspectos, como personalidade, temperamento, caráter, atitude e valores. Porque ter vivido muitos anos não é nenhuma garantia de que alguém seja uma boa pessoa.

A maioria das vezes, um jovem inconsequente, que não tem escrúpulos, respeito, consideração nem integridade, se transforma em um velho insuportável, irascível, exigente e intolerante. E o pior, continua sendo tão sem escrúpulos como antes, e não duvidará em usar os meios que tiver ao seu alcance, para amargurar a vida alheia.

Convenhamos que a velhice não é uma doença, é a consequência de viver, e parte do ciclo da vida. Mas, assim como necessitamos a assistência de nossos pais quando nascemos, pois não nos valemos por nós mesmos, certamente necessitaremos a assistência de alguém para o tempo em que não possamos nos valer por nós mesmos, quando chegarmos à alta idade. E aqui vou pedir emprestadas umas palavras de Serrat, quando fala da insensatez da sociedade, ele diz: “Por um lado, aqueles que hoje se sentem jovens, deve reconhecer, que com o transcurso do tempo, ao que podem aspirar é a envelhecer com dignidade. E dificilmente poderão fazê-lo, se os que hoje são jovens não ajudam aos que hoje são velhos, a envelhecer com esta dignidade”.

De modo que, há diferentes tipos de idosos, e de nada serve fazer com que eles se arrependam do que fizeram de errado, ou que os jovens acreditaram que era errado. Quem será digno de julgá-los e atirar a primeira pedra?

Não interessa se são sábios que compartilham com prazer da sua experiência e sabedoria com o resto dos mortais, ou se são intratáveis, egoístas e ignorantes, um meio-termo, ou uma mistura de tudo isso. Cada um é uma vida que deu toda a sua luz, e que como o sol, vai se apagando.

Dignidade é o mínimo que podemos lhes dar, e já sabemos que não será por muito tempo, até que terminem suas vidas, e os jovens se tornem os novos velhos.

Parafraseando novamente a Serrat: “todo jovem carrega um velho nas costas”.

Versión en español

Mayores, mal llamados viejos

Así como hay varios tipos de personas, hay varios tipos de viejos. ¡Es verdad! Aunque la mayoría de la gente no lo crea, antes de llegar a viejos fueron personas, y hasta tomaron decisiones por sí mismos. Cuando querían ganar un poco más de dinero solo tenían que trabajar más o cambiar de trabajo. Una vez llegados a viejos, no se les puede ocurrir semejante cosa, pues no pueden trabajar más ni pueden cambiar de jubilación. Y los políticos, sean jóvenes o viejos y que sí hacen lo que quieren para ganar más dinero, deciden que los otros viejos van a ganar menos. Total, son viejos, con poco se conforman. ¿Y qué remedio les queda?

Como decía al principio, hay varios tipos de viejos. Claro, para los que deciden como mantenerlos en la miseria, hay un solo tipo: los viejos. Para ellos simplemente mantener viejos es un mal negocio (tienen menos para robar), y mucho peor es tener que mantenerlos enfermos, pero si no se enferman, no se mueren. Habrá que aguantarlos enfermos, para que se mueran lo más pronto posible, piensan.

Aquí tenemos la primera diferencia, están los viejos de los que hablaba antes, los que cobran jubilación, pero además hay viejos que no pudieron, no quisieron o no necesitaron jubilarse. Estos no le producen gastos al sistema de jubilaciones ni al sistema de salud, porque lo que comen se lo tienen que pagar ellos, y también los remedios, los hospitales y el sucucho donde viven (aunque algunos viven en mansiones). Pero todos tienen que comer, y a veces gastar dinerales en remedios, y el dinero que necesitan para darse esos lujos, tienen que mendigarlos dentro de la sociedad que los rodea. Sociedad que es mucho más egoísta que lo que ellos pudieran haber llegado a ser en su juventud.

Como consecuencia tenemos la segunda diferencia. Hay viejos que se pasaron la vida juntando plata, egoístamente, sin importarle su familia, y tienen para bancarse a sí mismos bastante bien. Estos son los que no le producen gastos ni al estado ni a su familia o relaciones.

Pero están los otros viejos, los que dieron todo a sus hijos y familiares, o simplemente lo perdieron todo, pensando (cuando eran jóvenes) que eran inmortales (o que nunca se volverían viejos), o que el año que viene ganarían mucho para ayudar a otros y para guardar para la vejez, o pensando que por consecuencia de haberlo dado todo, recibirían algo de los hijos, nietos u otros parientes que ayudaron, como merecimiento.

Pero el destino no conoce la palabra “gratitud” y mucho menos “merecimiento”. Y al reemplazar estas palabras por la palabra “consecuencias”, sume los viejos en la miseria, la desesperación y el olvido. Porque los que están acostumbrados a recibir, no desarrollan la capacidad de dar. Al contrario, piensan que tienen derecho a chupar hasta la ultima gota de sangre del viejo, sin recordar siquiera (y si lo recuerdan, sin importarle), que muchas de las cosas que tienen, las tienen gracias a la ayuda que recibieron del antiguo aspirante a viejo. Y después, cuando ya no tienen nada para dar, son condenados por el implacable destino al ultimo rincón, convertidos, como dice Serrat, “en fantasmas con memoria”. Así es el destino, y los verdugos son los mismos que antes fueron los beneficiarios de lo que tenían los viejos para dar.

Por otra parte, ninguna moneda tiene una sola cara. Eso significa que estos viejos que he diferenciado por ingresos económicos, también se diferencian por otros aspectos, como personalidad, temperamento, carácter, actitud y valores. Porque haber vivido muchos años no es ninguna garantía de que sea buena gente. Como decía Mafalda “si vivir es durar, prefiero un simple de Los Beatles, antes que un Long play de Los Boston Pops”.

La mayoría de las veces, un joven inconsciente, que no tiene escrúpulos, ni respeto, ni consideración, ni integridad, se transforma en un viejo insoportable, gruñón, exigente e intolerante. Y lo peor, sigue siendo tan inescrupuloso como antes, y no escatimará en usar los medios que estén a su alcance para amargarles la vida a los demás.

Convengamos que la vejes no es una enfermedad, es la consecuencia de vivir, y ser parte del ciclo de la vida. Pero, así como necesitamos la asistencia de nuestros padres cuando nacemos, pues no nos valemos por nosotros mismos, seguramente necesitaremos la asistencia de alguien para el tiempo en que no nos podamos valer por nosotros mismos cuando seamos viejos. Y aquí le voy a pedir prestadas unas palabras a Serrat, cuando hablaba de la insensatez de esta sociedad, él decía: “Porque, por un lado, aquellos que hoy se sienten jóvenes, han de reconocer, que, con el transcurso del tiempo, a lo más que pueden aspirar es a envejecer con dignidad. Y difícilmente podrán hacerlo, si los que hoy son jóvenes no ayudan a los que hoy son viejos, a envejecer con esta dignidad”.

De manera que hay distintos tipos de viejos y de nada sirve tratar de que se arrepientan de lo malo que hicieron o por lo menos de lo que los jóvenes creyeron que era malo, y tal vez no lo fue. ¿Quién será digno de tirar la primera piedra? No importa si son viejos sabios que comparten gustosamente su experiencia y sabiduría con el resto de los mortales o son viejos insoportables, egoístas e ignorantes. Cada uno es una vida que dio, como el sol, toda su luz y que se va apagando. Dignidad es lo mínimo que podemos darles, ya sabemos que no será por mucho tiempo.

Parafraseando nuevamente a Serrat: “todo joven lleva un viejo a cuestas”.