Há alguns meses, tenho me voluntariado na biblioteca do bairro para ajudar pessoas com dúvidas no uso de aplicativos de celular. É uma iniciativa muito importante para a comunidade, especialmente para quem tem menos oportunidades de desfrutar das vantagens oferecidas pela tecnologia atualmente.
São plantões semanais de duas horas. A cada dia da semana, pelo menos uma pessoa está à disposição de quem aparece, atendendo, em média, de duas a três pessoas por plantão, incluindo aquelas que retornam por algumas semanas.
As dúvidas variam em complexidade, mas resolvê-las é fundamental para quem as possui. É muito gratificante ver o sorriso de satisfação e agradecimento.
Com grande parte da minha carreira profissional voltada para aplicações práticas usando computadores pessoais e, mais recentemente, aplicativos de celular, senti a necessidade de compartilhar minha experiência e conhecimento. Principalmente, mas não exclusivamente, com pessoas da minha faixa etária, os 60+, que, em sua maioria, não tiveram oportunidade de aprender os fundamentos dessas tecnologias. Essa falta de conhecimento, aliada aos perigos de ameaças financeiras, gera medo e insegurança.
Nomeei meu projeto de “Desmistificar a Conversa com o Computador/Smartphone”. Tenho observado resultados muito positivos, inclusive na melhoria da capacidade de identificar e evitar ameaças financeiras.
Recentemente, durante um dos atendimentos, surgiu uma solicitação particularmente desafiadora.
Uma pessoa trouxe várias páginas de um livro em japonês, com algumas figuras em cada página. Ele mencionou que possui o livro há mais de 30 anos e deseja traduzi-lo para o inglês, para uso pessoal, sem interesse comercial.
Inicialmente, pareceu simples: utilizar um aplicativo de scanner no celular. Contudo, ele informou que não possui smartphone, apenas um celular antigo, e não tem condições de adquirir um.
Ele possui um laptop. A solução seria alguém escanear as páginas para ele, enviar os arquivos por e-mail, para que ele os transferisse para o laptop e utilizasse um extrator de texto seguido de um tradutor.
Isso funcionaria, mas e as imagens? Dessa forma, toda a formatação seria perdida, resultando em muito trabalho e um resultado pouco prático.
Nada como um desafio para estimular o cérebro e aplicar a experiência acumulada. Lembrei de um aplicativo de scanner que costumo utilizar, o qual oferece extração de texto. Testei e constatei que também realiza a tradução do texto extraído, mantendo a formatação da página, incluindo as imagens. Agora, é questão de tempo repetir o processo para as 150 páginas, enviá-las por e-mail e, eventualmente, organizar a sequência.
Este é um exemplo de como as tecnologias atuais, apesar dos potenciais perigos, são importantes para a qualidade de vida em geral.
Com mais frequência, tenho atendido pessoas preocupadas com a preservação das fotos no celular. Quando mostro que fotos e vídeos são copiados automaticamente para a nuvem, o espanto é grande. Embora o termo “nuvem” seja conhecido, o conceito é de difícil compreensão para muitos. Acessar lembranças valiosas apenas via internet transmite uma sensação de insegurança. Uma cópia física parece mais confiável. Curiosamente, a realidade é oposta. A cópia física pode ficar desatualizada, esquecida e, na prática, inútil. Além disso, as ferramentas digitais oferecem excelentes recursos de visualização, compartilhamento e edição dessas valiosas memórias.
A cada semana, sinto grande motivação durante o plantão.
O que surgirá no próximo? Conseguirei responder às mais variadas perguntas? Ajudarei os interessados? A alegria e o prazer dos desafios são maravilhosos.
Com frequência, observo pessoas idosas sendo excluídas de conversas sobre o uso de celulares, um dos objetos mais indispensáveis no nosso cotidiano. Essa exclusão social contribui para a alienação dos idosos, agravada pelo fato de que a tecnologia desempenha um papel fundamental no nosso convívio e interação social. Por isso, admiro profundamente iniciativas como a de Sérgio Grinberg, que dedica seu tempo para incluir os idosos nesse universo tecnológico e social. O artigo de Sérgio, relatando sua experiência de promover a inclusão tecnológica entre os idosos, é extremamente relevante. Vamos divulgar esse exemplo inspirador para incentivar outras iniciativas semelhantes e reforçar a importância da inclusão em todas as etapas da vida.