Hoje, assistindo a um trecho do programa Saia Justa pela internet, comecei a relembrar e reviver meus dois puerpérios. Sim! Vou falar sobre um assunto que incomoda os homens e nós, mulheres, nos sentimos culpadas por atravessar. Se você é mulher e quer ser mãe, se prepare. A maternidade é a maior dádiva que uma mulher pode receber, porém a mais difícil. Não sei se, porque nascemos em um país de origem religiosa católica, acreditamos em uma imagem imaculada da mãe. A mãe é perfeita. É aquela mulher serena, que mesmo sem maquiagem está bonita, porque afinal de contas o brilho vem de dentro. Um A mãe não é mais mulher. Ela é MÃE! A vida da mulher começa a mudar quando recebe o exame de gravidez positivo. A partir daquele momento a mulher morre e a mãe nasce. A mulher, no entanto não tem espaço nem tempo para viver o luto da vida que está deixando para trás. Mesmo quando a gravidez é planejada, as mudanças são inesperadas e imensuráveis. A dieta não é mais a mesma, os cuidados com o corpo não são mais tos mesmos. O corpo é um templo onde sua mais bela e complexa obra está sendo gerada.

Para a maioria dos homens a gestação é um período exclusivo da mulher. Parece que eles se esquecem de se preparar para o papel de “pai” que eles terão de exercer. Os hormônios no organismo da mulher estão trabalhando à todo vapor para deixar aquele bebê pronto para ser vir ao mundo. O corpo feminino está gerando outro corpo, outro ser. Me desculpem os homens, não acredito que vocês seriam capazes de tal façanha. Vocês, durante os nove meses, continuam no mesmo ritmo, com o sono em dia, não sentem náuseas constantes, não sentem cólicas e nem o quadril querendo abrir espaço para o que está por vir. Mulheres, amigas mães e amigas que queiram ser mães, alguém te avisou sobre o puerpério? Eu, até o nascimento da minha primeira filha, nunca havia escutado falar. Eu senti o puerpério. Foram 22 horas de contrações até que chegasse o momento que minha filha escolheu para vir ao mundo. Foi no tempo dela! Meu corpo era só o meio de transporte dela até o mundo. No momento do nascimento uma avalanche de amor e de emoções nos cobre e ficamos anestesiadas durante aqueles instantes sublimes. O choro do bebê, a emoção de cheirá-lo pela primeira vez, de tocá-lo pela primeira vez… são tantas “primeiras vezes” em um espaço tão curto de tempo, que não nos damos conta do que está por vir. Nesta hora o homem percebe que ele é pai. Antes era apenas uma barriga crescendo e “deformando” o corpo da sua mulher. Acreditem! Muitos homens afirmam isso.

Bem, a “regra” é: o leite deve descer até o segundo dia. Alguém te prepara para o contrário? Não! O leite pode não descer e a mulher começa a se sentir culpada por não estar alimentando sua cria como deveria. Aquele corpo que agora está vazio não pertence mais àquela mulher. Pertence ao bebê. São noites mal dormidas, são reações físicas do corpo que aparecem sem pedir licença. Eu recebi a benção de não sentir dor na amamentação. Meu seio não sangrou como o de algumas mulheres. No entanto, o leite demorou muito mais para descer. Eu chorava de desespero ao ver que minha filha tinha fome e eu não conseguia alimentá-la. São 40 dias que o corpo tem para se despedir daquele processo que durou nove meses. Depois desses 40 dias a mulher deve estar linda, com o corpo de volta ao que era antes e uma vontade danada de “namorar”. Oi????? Me desculpem os homens novamente, a última coisa que lembramos é isso. Nosso corpo está tão esgotado que não sobra espaço para esta função. Abençoada a mulher que tem um parceiro que entende e respeita o  seu tempo de recuperação. Fiquem tranquilos. O problema não são vocês. E calma, vai passar! Durante esse período nos sentimos felizes e miseráveis no mesmo dia. As oscilações de humor são frequentes e irritantes. A mulher olha sua cria e vê a obra prima, ela ama aquele ser mais do que ama a própria vida. Aquele ser depende exclusivamente dela. O laço que se cria no puerpério se eterniza. Eu não fui preparada para ele, mas Deus preparou meus filhos para me ajudarem a passar por ele. Eles vieram ao mundo já vestidos de doçura. Não choravam, não tinham cólicas intermináveis. Eram bebês calmos, fora da curva. Eles me ensinaram a ser mãe. Cabe aos homens deixá-los ensinar o papel de pai. O puerpério acaba e o que vem depois são aprendizados diários, lições de vida, desafios, e o mais importante: vem o amor mais profundo que alguém pode sentir por outra pessoa. Nunca mais somos as mesmas. Somos uma versão bem mais forte e destemida. Somos a versão MULHER E MÃE!