Quanto retrocesso! Em pleno ano 2020, tivemos que assistir a quatro homens destruindo a autoestima de uma mulher que já luta pela justiça há anos. Uma mulher que precisará de apoio emocional e profissional para superar um processo de tortura machista que se perdura e culminou em uma sentença criada pelo macho que comandava a quadrilha. Sim! Aquilo podemos chamar de quadrilha. Quatro homens alienando e destruindo a mulher sozinha que estava do outro lado da tela.

Até quando teremos que lidar com ações abertas contra homens e julgada pelos homens? Por que casos como esse não param nas mãos de uma mulher? Não que isso seja sinal de justiça, mas já seria uma batalha mais justa.

Assistir a um homem gritando nomes que aqui seria impensável de se repetir foi grotesco. Um dos advogados mais bem pagos do estado de Santa Catarina apelou para a destruição da imagem e caráter da vítima para tentar inventar um novo tipo de crime. O “estupro culposo” é tão ridículo quanto afirmar que alguém comeu uma sobremesa sem querer, sem a intenção de comê-la.

Espantoso e inaceitável é ver um promotor e um juiz concordarem com tal argumento. Será que eles não conhecem as leis brasileiras ou não entendem o vocábulo “culposo”? E o contrário, “doloso”, será que conhecem? Será que poderíamos, como sociedade, criar o crime de “sentença dolosa”? Acho que seria mais justo, afinal de contas, seria a sociedade clamando por justiça.

Justiça maior seria ver esses quatro homens sendo condenados à sentença que fosse, e ver tal sentença revertida a favor de Mariana Ferrer. Quando nós, mulheres, teremos a tranquilidade de sermos tratadas igualmente? Quando poderemos agir como indivíduos em igualdade em relação aos homens? E por último! Quando deixaremos de ser a “Joana D’arc” de uma geração inteira que já esperava o fim, o completo corporativismo machista?