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Silepse

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A silepse é uma figura de linguagem que ocorre quando a concordância em uma frase não segue a norma gramatical convencional, mas, sim, a ideia subentendida ou implícita no contexto. Em vez de concordar estritamente com os termos expressos, a silepse estabelece uma conexão com o significado mais amplo ou a intenção comunicativa do enunciado. Esse recurso é frequentemente usado na linguagem coloquial, literária e até na retórica, conferindo naturalidade, estilo e flexibilidade à expressão.

Tipos de Silepse

  1. Silepse de Gênero: A concordância é feita com o gênero implícito da ideia, em vez do gênero gramatical da palavra.
    • Exemplo: “Vossa Excelência está preocupado.” Embora “Vossa Excelência” seja uma expressão feminina, o gênero concorda com a pessoa referida (um homem, neste caso).
  2. Silepse de Número: A concordância reflete o número implícito (singular ou plural) da ideia, em vez do número gramatical do sujeito.
    • Exemplo: “O povo gritava e pediam justiça.” Aqui, “pediam” concorda com a ideia de “povo” como uma coletividade plural.
  3. Silepse de Pessoa: A concordância é feita com a pessoa que fala ou com quem se refere, não com o sujeito gramatical expresso.
    • Exemplo: “Os brasileiros somos apaixonados por futebol.” O verbo “somos” concorda com o “nós” implícito, incluindo o falante como parte do grupo mencionado.

Exemplos de Silepse em Diferentes Contextos

  1. Literatura:
    • Machado de Assis utiliza silepses para reforçar a subjetividade de narradores ou personagens, como em Memórias Póstumas de Brás Cubas: “O público ria e batiam palmas.”
    • Em poemas, a silepse frequentemente confere fluidez e naturalidade às imagens poéticas.
  2. Discurso Cotidiano:
    • Expressões como “A gente fomos ao cinema” ou “Todo mundo saiu, mas esqueceram a porta aberta” são exemplos de silepse de número, comuns na fala coloquial.
  3. Música e Artes:
    • Na composição de letras de músicas, a silepse é usada para dar ritmo ou ênfase à mensagem, mesmo que à custa da concordância gramatical tradicional.
  4. Jornalismo e Política:
    • Frases como “O governo está preocupados com a crise” podem aparecer em discursos para destacar a ideia de que os membros do governo (como um grupo) compartilham da preocupação.

Funções da Silepse

  1. Naturalidade na Expressão: Aproxima a linguagem escrita ou formal do modo como as pessoas realmente falam.
  2. Enriquecimento Estilístico: Na literatura e na poesia, confere um toque de originalidade e subjetividade ao texto.
  3. Ênfase na Ideia Subjacente: Prioriza a mensagem ou o conceito implícito, mesmo quando desvia da norma gramatical.
  4. Flexibilidade Linguística: Mostra a riqueza da língua ao adaptar-se a diferentes contextos e necessidades comunicativas.

Diferença Entre Silepse e Erro Gramatical

Embora a silepse possa parecer uma infração das regras gramaticais, ela é um recurso intencional e estilístico, enquanto um erro gramatical é uma inadequação involuntária ou descuido.

  • Silepse: “O Brasil é grande, mas ainda precisamos resolver muitos problemas.” (Aqui, o verbo “precisamos” reflete uma inclusão do falante na ideia de “Brasil”.)
  • Erro: “O Brasil somos grande.” (Aqui, há uma quebra sem propósito na concordância.)

Conclusão

A silepse é uma figura de linguagem que revela a flexibilidade e a riqueza da língua, ao permitir que a concordância seja guiada pela ideia ou pelo contexto, e não apenas pelas regras formais. Seja para adicionar naturalidade à fala cotidiana ou para enriquecer o estilo literário, a silepse demonstra que a comunicação não depende exclusivamente da gramática, mas também da intenção e do significado. Assim, ela nos convida a explorar a linguagem de maneira criativa, mantendo o foco na mensagem e no impacto emocional do discurso.

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